quinta-feira, 2 de maio de 2013

Confira a entrevista com a Secretária da Educação cedida ao Portal Alto Vale Notícias

Secretária acredita que a escola de tempo integral deve oferecer permanência na mesma unidade o dia todo 


A alfabetização em idade escolar sempre foi prioridade nas administrações que comandaram Rio do Sul em mandatados anteriores. E neste governo, isso não vai ser diferente. A secretária municipal da pasta, Regina Garcia Ferreira, falou das prioridades e do que se espera avançar no setor nos próximos quatro anos. Experiente pedagoga, e demonstrando competência com a Secretaria da Educação, ela apresentou um panorama propositivo sobre a Educação municipal, e de como pretende comandar o setor.


Uma das primeiras ações foi o de se comprometer com o Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), programa do governo Federal, que visa, através dos estados e municípios, a alfabetização de todas as crianças com idade até oito anos.

Ela terá também como desafio melhorar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb 2011), divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), e que demonstraram queda nas séries finais do ensino fundamental (até 8ª série ou 9° ano), desde o último levantamento em 2007.

Para ela, deve-se melhorar cada vez mais a qualidade de ensino, para alcançar a meta estabelecida pelo MEC.
Regina também prevê novas adequações para as Escolas Modelo (Escola em Tempo Integral), e também mudanças na disciplina de empreendedorismo, que faz parte da grade curricular das escolas municipais, graças as uma Lei Municipal de 2010.

AVN: O programa da Escola Modelo pode até ser bem aceito, mas gera alguns entraves, como custos altos, mais profissionais e o próprio interesse da criança. Acha que o projeto pode dar certo num futuro próximo? Ela vai passar por adequações?

Regina: Quando falamos em Escola Modelo, nós falamos da essência de se manter a criança por mais tempo na escola. Essa foi a ideia da administração passada. Podemos tratar a escola em tempo integral de duas maneiras, uma é manter a criança integramente em uma escola por tempo integral. Isso é a Educação Integral, e para podermos trabalhar isso, precisamos de mais tempo na unidade. Na mesma unidade os alunos entrarão às 7h30min, e sairão às 17h30min.

Isso vai acontece na Escola Modelo Ella Kurt (localizada no bairro Rainha), porem nesta escola os educandos terão seis aulas de língua portuguesa, seis de matemática, mais aulas de literatura, de língua estrangeira, então mais aulas e mais tempo para a construção do conhecimento. Na outra maneira de nos analisarmos a Escola de Tempo Integral, é o que acontece na Escola Arvino Walter Gaertner (no bairro Barragem), que é o esquema de contra turno. Com ele o estudante está uma escola, e em um outro período ela vai para um outro espaço, para ter artesanato, informática, futebol, tênis de mesa, e outras matérias que vão preenchendo este tempo. Esse é o espaço da escola modelo Arvino Walter Gaertner.

Aquele espaço nós questionamos, pois para termos um contra turno, e podemos ver em diversos exemplos em todo o Brasil, que para termos este espaço é preciso oferecer estrutura, como alimentação ou ginásio de esporte. A estrutura faz com que ela queria estar naquele espaço, e isso vamos construir em Rio do Sul. Isso não é o que o Escola Modelo Arvino Gaertner oferece. O espaço não é bom. A criança fica no C.E. Luiz Adelar Soldatelli (CEPLAS) um período, almoça, e vai para lá. Aquele espaço é insalubre, a criança cansa, e aquilo não é legal. Valeu a experiência, mas não vamos dar continuidade naquilo. Na Ella Kurt sim.

De que forma a senhora pretende envolver a comunidade nas decisões da escola? O Programa Fala Comunidade Educadora foi premiado no ano passado e pareceu ter boa aceitação.

Já estamos fazendo. O Fala Comunidade era uma reunião de pais, onde a escola ouvia a comunidade e a secretária colocava as propostas. Já estamos no mês de abril, e já passei em todas as comunidades com reuniões de pais. A minha presença, e a presença de nossa equipe é constante. A Unidade não faz nem uma reunião de APP sem nos comunicar. Isso acontece bimestralmente. Se tiver reunião de pais na comunidade, a secretária vai estar presente nesta reunião. Neste primeiro momento foi só uma apresentação da secretária, ouvir a comunidade, e dizer como estamos encontrando a secretaria. Na próxima reunião vamos prestar contas também do financeiro.

A disciplina de empreendedorismo foi regulamentada nas escolas na gestão passada, com a finalidade de é garantir o pleno desenvolvimento do educando, capacitando-o para torná-lo um cidadão participativo e preparado para atuar no competitivo mercado de trabalho. Ela vai deixar de ser oferecida?

A ideia não é deixar. Vamos resgatar a essência de quando ela foi instituída. Quando se foi pensado em empreendedorismo, até pela própria JCI, a ideia era trabalhar a formação de lideranças, não era só empreendedora da empresa, mas sim formar lideranças para a sociedade. Quando falamos em formar liderança, isso é para a questão pessoal, social, politica, envolvendo todas as dimensões. Então esta formação de lideres que nosso vice-prefeito participou no pensar, que nos estamos colocando: Formação de lideranças, resgatando a ideia inicial da JCI, quando se pensou em empreendedorismo.

A postura de alguns pais hoje em dia deixando os filhos já com seis meses de idade nas creches não atrapalha na formação das crianças?
Atrapalha sim. Recentemente estávamos em uma reunião com pais, e lá já falávamos sobre isso. Nós já recebemos crianças com 11 dias de vida, e é muito triste. As nossas crianças estão ficando nas nossas unidades 12 horas por dia.

Crianças de um dois e quatro meses de idade. Ela é muito mais da Unidade, do que da casa, das famílias. Isso é preocupante. Aumenta nossa responsabilidade não só na questão do educar ou cuidar, mas também a questão da afeição. Hoje temos que também fazer este papel pois as famílias não tem tempo. Muitas mães entregam seu filho dormindo, e vem buscar ele dormindo, no final da tarde.

É preocupante e é uma questão que a sociedade toda tem que pensar. A educação infantil tem que ser repensada com a sociedade. Na gestão em eu fui secretária, em 2001 a 2004, eu provoquei uma discussão com os empresários e não tive sucesso, e quem sabe a gente possa ter sucesso agora, na questão de você diferenciar a mãe e pai que tem filho na idade de zero a cinco anos. A mãe poderia ter as férias dela diferenciadas, em tempo diferenciado.

Me apavoro quando vejo alguns pais questionarem o porque não temos creche aberta no sábado. Essa sociedade que estamos formado com estas crianças, não vai ser uma sociedade saudável. Vai ser uma sociedade mais vulnerável. Temos crianças de três anos já apresentado sintomas de stress. Por melhor que seja a creche, ela não deixa de ser uma creche. A criança quer seu espaço na sua casa com os pais. Quais desses pais trabalham 12 horas por dia?

Que investimentos precisam ser feitos para a melhoria de algumas escolas ou centros de educação infantil?
Todas as nossas escolas precisam de investimentos. Nós não temos nenhuma escola que possamos avaliar como tranquila. Temos a Guilherme Butzke (bairro Rainha), que a comunidade toma conta e a mantem, mas ainda falta o ginásio e quadra de esporte. Essa seria uma das melhores. Temos problemas em todos os centros educacionais nas mais variadas coisas, como telhado, na parte hidráulica, elétrica, cobertura em quadras, áreas de lazer.

Nós vimos que o Ella Kurt, recém-inaugurada, não abrimos ainda pois apresenta problemas na estrutura, e a empresa que construiu tem que dar conta dos acertos. Não há também quadras ou ginásio de esportes. Todas as nossas unidades precisam de estrutura.

A prioridade hoje é a creche, é a educação infantil para o Centro da cidade, para o Taboão e para o Canta Galo. Esses bairros precisam de creches novas urgentes. No segundo semestre estaremos entregando a creche Aquarela. Neste primeiro semestre concluiremos o Pinguinho de Gente. Há urgência em todas as unidades, priorizando a educação infantil, que é o nosso publico maior, que fica mais tempo dentro da unidade.

O Pacto de Alfabetização do ensino para a idade certa poderá render frutos em quanto tempo? É uma preocupação do governo Federal, e infelizmente a gente precisou ter esta preocupação. É triste quando um pais precisa investir ainda mais para alfabetizar, porque não dá conta de alfabetizar no seu tempo, e com sua estrutura. Isto mostra que o Brasil precisa investir mais na educação, precisa investir mais nos municípios. Os prefeitos tem que saber disto, tem que ter responsabilidade, e nós secretários de Educação não podemos nos furtar de alertar os nossos prefeitos.

O município é responsável pela educação infantil e séries iniciais. Precisamos investir do primeiro ao quinto ano. O Pacto pela Alfabetização é nas idades de seis, sete e oito anos, primeiro, segundo e terceiro ano escolar. Ali temos que ter os melhores professores, livros didáticos, melhor estrutura, para que a gente de conta da alfabetização até os oito anos de idade. Rio do Sul, aderiu e estamos felizes com o projeto. São 55 professores que estarão participando deste Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC).
Ainda há problemas estruturais de difícil resolução como transporte para todas as crianças ou infraestrutura das próprias escolas? 

Quanto à estrutura, temos problemas devido a uma falha que aconteceu no Plano de Ações Articuladas (PAR) do governo Federal. O governo Federal tem um plano direto dentro dos municípios, pois ele quer saber o que eles fazem, para poder colocar dinheiro nestes municípios, na Educação e na Saúde. Isso é uma exigência, precisa-se ter um plano de ação articulada. Rio do Sul não fez este trabalho de casa desde 2010. As alimentações de informações no sistema estão atrasadas. Estamos arrumando isso, temos que terminar o final de abril, para que os técnicos do MEC possam analisar o nosso plano que estamos encaminhando, e que entramos no mês de maio na lista dos municípios que receberão alguma verba Federal.

O Gariba e o Jean (prefeito e vice) estão atrás e verbas com deputados federais para a construção de creches, e quadras de esporte cobertas. Já o transporte escolar está muito caro. Ele é muito grande. No ano passado foi gasto R$ 1,66 milhão em transporte escolar. A proposta da gente, como este ano temos o PAR atrasado, também temos dificuldade em pedir ônibus. Mas depois de colocarmos a casa em ordem, vamos pedir o transporte escolar para nós.
Alto Vale Notícias
Crédito (fotos): Marcelo Zemke/AVN

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